O Panorama do Hip Hop por DJKleberfernans no Videolog.tv.
quinta-feira, 31 de maio de 2012
quarta-feira, 30 de maio de 2012
Entrevista com Fabio Fabris, produtor e integrante da banda Fora do Muro
Entrevista
Musica laços. Trilha sonora do filme Laços violado
Diogo Michelini
Henrique Armendani
Victor Diaz
terça-feira, 29 de maio de 2012
Mamelungos de Recife - CD e Internet
Integrantes: Christiano Squeff, Andre Mortara e Thiago Ferreira.
Hardcore Breakbeats: Jungle, Drum n Bass e Dubstep
O Jungle, sonoramente falando, se trata dessas batidas do hardcore breakbeat, com fusões do ragga, dub, funk, e sons presentes na música jamaicana. A hipótese mais conhecida pelo aparecimento do nome jungle é a de que tal nome se refere justamente do gueto, ou seja, da selva que era o gueto, ou dando a entender que o jungle era música do gueto. Dando um certo ar preconceituoso esse termo logo começou a causar problemas, as hipóteses para que o nome tenha virado drum and bass seriam de que, por o termo ser preconceituoso, as pessoas estavam querendo dar um ar étnico correto ao ritmo, mudando-o para drum and bass.
Já outra hipótese seria a de que, com as festas de jungle, o uso de drogas estava aumentando, e com a violência que o próprio consumo estava causando, o termo jungle teria ficado "sujo", logo, os promoters dessas festas receberam a idéia de mudar o nome para algo que seria lógico ao ouvir a música, e logo assim, teria surgido o termo drum and bass. Entretanto, o drum and bass se trata mesmo de uma evolução cultural e sonora do jungle, sendo a "nata" do jungle, ou seja, um som mais menos sincopado, misturando funk, hip-hop, house music, acid jazz, rock e atéritmos latinos na sua composição.
Ex.:
Burial
http://www.youtube.com/watch?v=bmW_r3XK2HA
O Drum n Bass é caracterizado por batidas em média de 170 BPM e surgiu no inicio da déc. de 90. O estilo que se desenvolveu no inicio dos anos 90 apenas mudou de nome mais ou menos em 1996. Surgiu principalmente de uma variação do hardcore breakbeat e do rave britânico. O drum and bass primordial (antigamente conhecido somente como jungle) juntamente com o Hardcore Breakbeat foi uma evolução sonora com origens em 3 gêneros diferentes: O Acid House inglês; O Bleep Techno; e o Techno Belga.
É durante a cena rave do fim dos anos 80 da grã Bretanha, Djs de Hardcore começam a acelerar os bpm´s de suas apresentações. É neste momento que começa a surgir o nome Jungle. Uns construíam faixas se utilizando de sonoridades mais leves e alegres (Happy Hardcore), outros se focavam em batidas e timbres mais pesados e ligados ao techno belga (Darkcore). Tanto o Darkcore quanto o Dancehall enfatizavam o ritmo da bateria e as linhas de baixo e tinham tempos (velocidade) parelhos.Samplea clássicas baterias do funk americano. Construção de ritmos muito mais complexos e caóticos.
Começou a se aproximar cada vez mais do dub, usando frases de baixo muito similares as do mesmo. As músicas começam a serem feitas já em 160-165 batidas por minuto tornando impossível a mixagem com o hardcore. Influência do ragga, dancehall assim como o hip hop. Este processo foi evoluindo ao longo dos anos e o Jungle evoluiu dentro deste nome de 92 até mais ou menos 96. Em 1996, o estilo Jungle começava a se ramificar cada vez mais na questão das influências utilizadas pelos seus produtores. Produtores de jungle mais influenciados pelo reggae começam a transformar a atitude do som em uma atitude um pouco agressiva. As festas começam a ficar um pouco mal vistas pelo público e pela mídia. Neste momento, os produtores estão lançando musicas com outras influencias que não o reggae e suas faixas começam a ser tocadas em rádios comerciais e não mais só nas rádios piratas. Estes produtores resolvem adotar um outro tipo de nome para o som que eles estavam fazendo já que suas influências eram diferentes e a mídia estava os hostilizando também. Começa-se a se utilizar o nome Drum and Bass. Com a mudança do nome e dos estilos e batidas utilizados, o estilo volta a cair nas graças da mídia.
Ex.:
Andy C.
http://www.youtube.com/watch?v=cjFlYbf7j1E
Dubstep é um gênero de música eletrônica surgido no sul de Londres, Inglaterra, no início da década de 2000. Se caracteriza por ser uma música instrumental eletrônica com influências das texturas e ritmos digitais do Dub dos anos 1980 e do ritmo urbano 2-step. Se diferencia do grime, bassline e grindie por geralmente não apresentar vocais ou rapping.
O dubstep evoluiu de forma independente na chamada cena UK Garage do Sul de Londres, derivado do House, do Drum'n'bass e, logicamente, do Dub. No início da década de 1990, após a explosão do Acid House e ao longo da era Hardcore da música eletrônica britânica, as raves também tocavam as músicas do UK Garage – nome dado ao House instrumental com maior velocidade, também conhecido como Speed Garage. O gênero é marcado pelo uso intenso e massivo de sub graves, sendo quase que como uma adoração aos sons de frequências baixas e também marcados pelos "Bass Drops" que são ápices da
musica onde o "bass" ou as "basslines" são introduzidos de forma brusca e impactante, também é marcado pela composição polirrítmica e inconstante, alem disso o dubstep é marcado pela criação de texturas melancólicas e temas obscuros. Outro gênero desenvolvido em paralelo ao Dubstep é o chamado Grime. Surgido na mesma cena e período, o Grime seria um espécie de estilo mais pop e menos cult do Dubstep.
Ex.:
Skrillex
http://www.youtube.com/watch?v=WSeNSzJ2-Jw
ENTREVISTA FELIPE JULIÁN - APLICATIVO BAGAGEM
GRUPO: BRUNNO ROSSETTI OGIBOWSKI, HENRIQUE ALVES AARÃO, LUCAS.
sexta-feira, 25 de maio de 2012
Entrevista com Daniel Murray
Entrevista com Daniel Murray
Ângelo Colasanti
Arthur Sabbadin
Gabriel Reis
http://www.youtube.com/watch_popup?v=MvP9weMyG7s&vq=large#t=32
Ângelo Colasanti
Arthur Sabbadin
Gabriel Reis
http://www.youtube.com/watch_popup?v=MvP9weMyG7s&vq=large#t=32
Sound Systems Jamaicanas
Sound Systems Jamaicanas
As Sound Systems jamaicanas tradicionais (festas de rua
populares em Kingston criadas na década de 50 nas quais eram tocados sucessos do
R&B norte-americano) são as
precursoras da essência do que nós conhecemos como Hip Hop e, posteriormente, do Remix
como técnica de intervenção musical.
A Jamaica é conhecida há décadas por exportar ótima música e
excelentes instrumentistas, como por exemplo, o Mento (gênero folclórico semelhante ao Calypso de Trinidad) que até os dias de hoje é gravado e lançado
por intérpretes tradicionalistas como os Jolly
Boys.
Em meados da década de 40 o Jazz chega à ilha através de discos e transmissões de rádio. Inúmeras
bandas se formam, muitas delas formadas por músicos que passaram pela Alpha Boys School, e com a consolidação
da ilha como pólo turístico internacional, gigs
de jazz passam a ser apresentadas em grandes hotéis direcionadas para turistas
e a população do uptown, logo ter uma
banda tocando em sua festa se torna algo inacessível para a grande massa.
Nos anos 50 a música popular americana começa a se
fragmentar, o Jazz cede espaço ao Bebop e o R&B, antes chamada de música de raça, ganha força. O tempo do Jazz orquestrado se esvai ao passo que a
música popular cresce mais forte, mais jovem. A Jamaica em si estava mudando, a
população criava um êxodo do rural em busca de melhores condições de vida, e
tinham como diversão em seus finais de semana ir à festas a céu aberto,
primariamente chamadas de “festas de gramado”, espalhadas por toda cidade onde
essencialmente ouviriam sucessos da música popular norte-americana através de DJs, seu toca discos e muitas caixas de
som. Além de divertir o público por uma entrada de baixo custo, essas festas
eram como uma rádio comunitária da grande massa que “informava” os sucessos
recém-lançados. A situação era difícil na época, não havendo condições, na
maioria das vezes, nem mesmo para a compra de um rádio. As playlists das festas se resumiam a R&B cru, rápido e com batidas pesadas, geralmente os donos de
sound systems viajavam aos Estados Unidos para comprar novos discos ou tinham
um agente que fazia esse serviço, era uma constante competição para sempre ter
as novidades do mercado e um hit era
facilmente reproduzido 15 ou 20 vezes durante as festas.
Na metade da década haviam duas sound systems que dominavam
o público de Kingston.
Duke Reid com a Trojan: nascido Arthur Reid em 1915, amante do R&B norte-americano, dono de uma loja de bebidas chamada “Treasure Isle” e de um programa de rádio chamado “Treasure Isle Time” no qual tocava somente R&B, Duke Reid também foi dono de uma popular sound system. Mais tarde também viria a ser dono de um dos mais importantes selo/estúdios da ilha chamado “Treasure Isle Studio”.
Duke Reid com a Trojan: nascido Arthur Reid em 1915, amante do R&B norte-americano, dono de uma loja de bebidas chamada “Treasure Isle” e de um programa de rádio chamado “Treasure Isle Time” no qual tocava somente R&B, Duke Reid também foi dono de uma popular sound system. Mais tarde também viria a ser dono de um dos mais importantes selo/estúdios da ilha chamado “Treasure Isle Studio”.
E Clement Dodd com a Sir Coxsone Downbeat: nascido Clement Seymour Dodd em 1932, dono de
uma também popular sound system e de outras até que, em certo momento, passou a
contratar “braços direitos” para dirigir as festas nas quais estaria ausente,
uma dessas festas, por exemplo, era dirigida por Lee “Scratch” Perry, que viria
a ser um dos mais importantes produtores jamaicanos da história. Coxsone também
viria a ser dono de um dos mais importantes selo/estúdios de gravação chamado
“Studio One”.
A competição, envolvendo a busca de novos sucessos do
mercado norte-americano a fim de assegurar o público de suas próprias festas,
entre essas duas grandes sound systems era intensa e durou até a década
seguinte. A situação era tal que os DJs
raspavam os labels do vinil para que
algum “espião” de outra festa não soubesse o que foi tocado. E esse foi um dos
grandes catalisadores do crescimento da indústria musical na Jamaica, já que as
sound systems não tinham outra escolha porque a ilha não possuía estúdios de
gravação e mesmo depois da abertura dos primeiros estúdios, ainda era dada
ênfase aos materiais licenciados norte-americanos.
No final da década de 50 são lançados os primeiros discos de
artistas locais, praticamente cópias dos sucessos norte-americanos, mas pouco
importava já que eram novas músicas que poderiam ser tocadas nas sound systems.
Percebendo a possibilidade de gravar discos a serem tocados em suas próprias
festas Reid e Dodd abrem seus selos (respectivamente Treasure Isle e Studio
One) e uma vez que a indústria fonográfica, ainda que rudimentar, estava
instalada na ilha, os jamaicanos não precisavam mais enviar a matriz pra os
Estados Unidos para prensagem. Daquele ponto era inevitável que um gênero
popular jamaicano fosse surgir.
“Nós estávamos tentando imitar, mas quando o fizemos, não
ficou real” – Derrick Morgan. Voltando de uma gravação com Reid, Derrick Morgan
conheceu Prince Buster (Cecil Campbell, cantor e produtor) que pediu uma chance
e acabou gravando 13 hits, na verdade era para Buster ceder a Reid metade do
dinheiro ganho com a gravação e ele terminou por retribuir com uma música, a
que ele julgava mais fraca. Esse foi um dos momentos que transforma a história,
ao longo da produção algo novo surge, uma mistura do Mento tradicional com o R&B.
E assim surge o Ska. Ou pelo menos
uma de suas versões, ninguém sabe ao certo nem quando o gênero surgiu, alguns
dizem ter sido no início de 60, outros em 59, 56 até 51, mas os críticos em
peso concordam que o pai do Ska foi
Prince Buster.
Músicas como “They got to Go” e “Shake a Leg”
aprofundaram e estabilizaram o gênero, com ênfase nos contratempos
síncopados das guitarras. Fora que o Ska se encaixou perfeitamente no clima
da época, com a ilha conquistando sua independência e o crescente sentimento
nacionalista, a música feita pela classe operária era a verdadeira música da
grande massa e realmente sintetizava os guetos de Kingston.
Os discos na época passam a ser prensados quase que
exclusivamente para serem tocados nas festas, os chamados acetatos (ou Dubplates) que eram de fácil
deterioração, já que em pouco tempo seria lançado algo novo e assim também
poderiam analisar a aceitação do público.
Junto com o desenvolvimento do Ska veio a popularização do DJ,
figura muito importante na cultura das sound systems, que basicamente era um
dos focos principais das festas. Sua função além de obviamente selecionar,
tocar e trocar os discos, era a de entreter o público, ler memorandos e
posteriormente executar o que os jamaicanos chamam de toasting (no resto do planeta essa prática ficou conhecida como rapping). O ato do toasting é bastante
amplo, o DJ poderia, por exemplo,
contar alguma piada em um intervalo de música, ou também agitar o público com
frases de efeito como “Yeah! Dig for daddy, dig for mommy!” ou poderia repetir
continuamente a palavra Ska ao longo
da música, prática que foi evoluindo ao longo do tempo.
Grandes nomes como Sir Lord Comic, King Stitt, Count
Matchuki e U Roy começaram a rimar palavras de maneira ritmada por cima de hits nas festas e com uma notável
habilidade, poderiam rimar durante várias músicas, muitas vezes também
reforçando sua mensagem principal. Logo se criou uma necessidade de ter músicas
instrumentais e versões instrumentais de músicas já conhecidas para esse tipo
de prática que acabou se tornando bastante popular.
No final dos anos 60, produtores musicais, visando atender a
demanda dos DJs e até mesmo renovar a
cena de música popular, começaram a fazer intervenções técnicas nas músicas.
Como King Tubby (nascido Osbourne Ruddock em 1941), coroado como o rei do subgênero
musical que viria a ser chamado de Dub
a partir da década de 70. Deve-se a existência do Dub a produtores musicais e engenheiros eletrônicos já que foram os
próprios que passaram a separar as frequências das músicas, assim como a voz do
riddim (gíria jamaicana para a trilha
instrumental e percussiva da música), desenvolver seus próprios equipamentos e
assim gerando novas possibilidades e timbres, como o próprio King Tubby que uma
vez trouxe dos Estados Unidos uma unidade de reverb Fischer, e assim que o aparelho quebrou, Tubby que além de excelente
produtor era um engenheiro treinado consertou seu equipamento, mas da sua
maneira e não da maneira do fabricante, a deixando com uma sonoridade mais interessante.
Infelizmente King Tubby foi assassinado em 1989 no auge da guerra civil
política na Jamaica.
Outro produtor muito importante para o desenvolvimento
do conceito e também responsável pela popularização do Dub internacionalmente é Lee
“Scratch” Perry (nascido Rainford Hugh Perry em 1936). Músico e exímio produtor
musical, Lee “Scratch” Perry começou sua carreira como DJ tocando nas sound systems de Clement Dodd para mais tarde, após ter
diversos conflitos com Dodd e outros donos de selos e vender 60.000 cópias com
um hit, fundar o “The Black Ark”,
estúdio que o fez ganhar fama internacional gravando ícones como Bob Marley
& The Wailers, The Congos e Max Romeo. Suas produções eram diferenciadas,
enérgicas e, segundo Perry, o segredo do “The Black Ark” era água! Perry diz
que em certo momento de sua vida percebeu que a água é a única substância da
qual um homem não consegue sobreviver sem, logo, construiu a sala de gravação
em cima de água. Até concluir que o abuso de álcool, nicotina e ganja estava
destruindo sua “criança interior” e que todo o maravilhoso trabalho feito no “The
Black Ark” tinha sido desenvolvido em cima do abuso dessas substâncias, decidiu
fechar o estúdio e recomeçar do zero sem a utilização de quaisquer substâncias
e, felizmente, está na ativa até os dias de hoje.
A imigração em massa dos jamaicanos para a Inglaterra
levou a cultura das sound systems, do Ska
e do Dub, dos guetos de Kingston para
os guetos de Londres, dando assim nascimento aos Rude Boys, personificação dos infratores juvenis da classe pobre dos
guetos ingleses, posteriormente aos Skinheads e em meados dos anos 80 se
mostra alicerce para o todo o desenvolvimento da cultura de Raves e culturas posteriores.
Mas a imigração para os Estados Unidos realmente criou
algo único. Por volta de 1967 DJ Kool Herc (nascido Clive Campbell em 1955),
jamaicano, exposto a toda a cultura das sound systems, se muda para o bairro do
Bronx em Nova Iorque, que sofria uma
grande desvalorização após a construção de uma autoestrada, criando quase que
imediatamente uma violenta cultura de gangues juvenis, já que o bairro se
tornou uma zona praticamente abandonada. Na época da escola, devido ao seu
tamanho e habilidade no basquete Clive Campbell ganha o apelido de “Hercules” e
após se juntar a uma crew de grafitti,
adota o nome de “Kool Herc”. Basicamente as festas de Herc consistiam em dois
toca-discos e um PA, por onde ele disparava hits
de James Brown, The Jimmy Castor Bunch e The M.G.’s para uma platéia de certa
forma pré-estabelecida, já que os donos de clubes da região ficavam receosos
com a presença de gangues, os DJs da
época estavam tocando algo mais no clima da Disco
Music e a rádios faziam distinção demográfica com a população do Bronx.
Foram nestas primeiras festas que Kool Herc
desenvolveu o estilo que posteriormente seria chamado de Hip Hop. Ele costumava repetir partes de uma música que eram puramente
instrumentais e com uma batida pesada e já que estas partes eram as que os
dançarinos (mais tarde chamados de B-boys
e B-girls) curtiam mais, Herc tirava
o volume e mudava para o outro pick-up, prolongando o som e assim que o segundo
LP terminava ele voltava com o
primeiro, transformando uma pequena parte em 5 minutos de loop.
Estas e muitas outras técnicas desenvolvidas por Herc
foram posteriormente utilizadas por DJs
consagrados como Grandmaster Flash, Afrika Bambaataa e tantos outros até os
dias de hoje. Mas somente um jamaicano nascido na cultura das “festas de
gramado”, exposto à violência dos guetos do Bronx
e à energia de James Brown poderia ser coroado como o pai do Hip Hop.
Ângelo Colasanti
Arthur Sabbadin
Arthur Sabbadin
Gabriel Reis
quinta-feira, 24 de maio de 2012
Entrevista Circuit Bending
grupo: Thomas Levisky, Leandro Nilo, Carlos Eduardo Aranha e Frederico Silva
A Era Disco
A
cena Disco começou antes mesmo de uma música característica ser
estabelecida, e foi resultado de um soma de fatores vindos de vários
lados e origens.
No
final da década de 60, início da década de 70 o movimento do
orgulho gay tomou força principalmente na cidade de Nova Iorque,
onde existia uma lei que proibia pessoas do mesmo sexo até de dançar
juntas. Conseguindo derrubar essa lei começaram a ser organizadas
festas privadas voltadas para esse público, que não tinha lugares
de encontro pela cidade.
Logo
essas festas se tornaram disputadas, principalmente a do pioneiro
David
Mancuso, que ficou conhecida como a “The Loft”. Nessas festas as
músicas que embalavam as noites eram rock, soul e algumas musicas
latinas que eram intercaladas. Quem escolhia a sequencia e
colocava-as para tocar era a figura do dj, que vinha da cultura do
soundsystem jamaicano, introduzido na América do norte pelos
imigrantes que escaparam da grande crise econômica da Jamaica.
Grupo Abba |
Aos
poucos as técnicas dos djs foram evoluindo: uma segunda pick-up foi
incluída, assim não haveria um intervalo entre uma música e outra;
e discos de 12 polegadas começaram a ser utilizados, assim com
apenas uma musica em casa lado do disco, era mais fácil de localizar
o inicio de cada faixa.
Com
essa configuração, a figura do dj foi ganhando cada vez mais
importância, mixagens começaram a ser feitas, e com isso a mistura
desses estilos musicais distintos que eram tocados nessas festas foi
se tornando mais intenso, dando origem a musica característica da
era disco.
Grandes
nomes então foram surgindo nesse novo estilo como: Donna Summer,
Earth Wind and Fire, ABBA, entro outros. As grandes gravadoras
começaram a se interessar pela nova linguagem promissora, como a
Motown que transformou a recém-saída das Supremes, Diana Ross, em
uma das divas da era disco.
Cenas do Filme "Embalos de Sábado a noite" |
Diana Ross na época das Supremes e na época disco |
Em
1977 o movimento teve o seu “boom” com a estreia do filme
“Embalos de sábado a noite”. John Travolta e os Beeges deram o
empurrão que faltava para a Disco ter um sucesso estrondoso ao redor
de todo o planeta. Nessa altura, as festas já tinham tomado conta
das ruas, enormes espaços eram criados exclusivamente para festas:
eram as primeiras discotecas! Dentre as mais Importantes estava o
Studio 54, criado por Steve
Rubell,
um ambiente idealizado para criar as melhores e intermináveis festas
já vistas, um local para tornar os sonhos realidade, onde astros e
pessoas comuns transitavam e conviviam livremente (passando é claro
pela “peneira” da porta).
Woody Allen e Michael Jackson no sofá do Stúdio54 |
Nesse
estágio a experimentação sexual, experiencias sensitivas
impulsionadas pelo uso do LSD estavam no auge, a festa criada pelas
minorias agora tomava conta de todos, e a ordem era extravasar a
alegria, dançar e se experimentar para se divertir.
No
Brasil a cena chegou com força em 1978, também impulsionada por uma
produção visual: a novela “Dancing Days” da rede Globo.
Gravadoras
cada vez mais entravam na onda e iam em busca de novos nomes para
esse movimento, e com o tempo cada vez mais artistas fabricados e de
qualidade rasa eram lançados no mercado apenas pelo interesse de
lucro das gravadoras.
Como
toda linguagem explorada excessivamente, a Disco começou a se
desgastar. Esses novos artistas “fabricados” não convenciam o
publico, que acabava não comprando os álbuns; as gravadoras
começaram a se afogar no próprio lixo produzido e entrar em
dificuldade financeira.
Steve Dahl |
Paralelamente
com o colapso das gravadoras um movimento anti-disco foi tomando
forma e ganhando força. Liderados por Steve Dahl roqueiros
impulsionados por frases como “disco sucks” tinham como objetivo
acabar com essa que não era uma “música de verdade”. -
Engraçado perceber como uma geração que renega uma linguagem e
cria uma nova, que não é aceita pela conservadora geração
anterior, posteriormente será esta geração anterior e tomará uma
postura conservadora quanto a uma nova linguagem (no caso o rock
renegando a disco).
Foto tirada durante a Disco Demolition Night |
Para
acabar de vez com a “pouca vergonha” da disco, Dahl organizou a
“Disco Demolition Night”. No dia 12 de julho de 1979 as pessoas
levariam os discos de música disco para serem detonados no intervalo
do jogo entre Chicago White Sox e Detroit Tigers; eram esperados 12
participantes, aparaceram 90.000! Os discos foram destridos durante o
intervalo do jogo que não pode ser concluído pois a multidão
invadiu o campo, causando uma grande confusão e enorme euforia.-
Importante dizer que a motivação do protesto se confundia com o
preconceito racial e homofobia, dentre os discos destruídos estavam
também alguns de musica soul e de artistas negros em geral.
No
início da década de 80 a febre da disco music já havia passado, a
linguagem desgastada havia chegado em seu ápice, passado por um
declinio e já era considerada passado. Aqui no Brasil continuou com
força até meados dos anos 80.
grupo: Thomas Levisky, Leandro Nilo, Carlos Eduardo Aranha e Frederico Silva
segunda-feira, 21 de maio de 2012
quarta-feira, 16 de maio de 2012
JOHN CAGE
John Milton Cage Jr. (5 de setembro de 1912 - 12 de agosto de 1992) foi um compositor, poeta, pintor, teórico musical experimentalista e escritor norte-americano. Nasceu em Los Angeles, Califórnia, foi um investigador incansável. Sua matéria prima é o óbvio, o quotidiano – tudo o que já existe, mas que passa despercebido ao sentimento geral – eleva o barulho-ruído ao status de música, fazendo o mesmo com o silêncio. Busca novas estruturas musicais, até descobrir que não precisava delas.
John Cage foi um dos primeiros a escrever sobre o que ele chamava de música de acaso (o que outros decidiram rotular de música aleatória) - música em que alguns elementos eram deixados ao acaso. Também ficou conhecido pelo uso não convencional de instrumentos e pelo seu pioneirismo na música eletrônica. Em 1930 conhece o fonógrafo em Berlim, então com 18 anos.
“Eu tendo mais a violência do que a ternura, ao inferno mais que ao céu, ao feio mais que ao belo, ao impuro mais que ao puro, porque ao fazer essas coisas elas se transformam, e nós nos transformamos”.
Durante 1935-36 frequentou aulas de composição com Richard Buhlig e Henry Cowell na New School for Social Research. Certo tempo depois, Cage teve uma chance e juntou-se à Chicago School of Design. Sempre procurou novas alternativas. Em 1939 utiliza o fonógrafo como um “instrumento musical”, em “Imaginary Landscape nº 1”.
“Pedi a Schoenberg que me ensinasse, ele disse ‘Você provavelmente não pode pagar meu preço.’ Eu disse, ‘Nem diga, eu não tenho nenhum dinheiro.’ Aí ele disse, ‘você vai dedicar a sua vida à música?’ Eu disse. "SIM" Ele me ensinaria de graça, desisti da pintura e só passei a compor. Após dois anos, ficou claro para mim e para ele que eu não tinha "jeito/tato" para Harmonia, o que para Schoenberg era uma questão não apenas "colorística/timbrística", mas estrutural. Me disse que eu jamais poderia compor musica, pois eu chegaria a uma parede que eu não poderia atravessar. "Então passarei a minha vida batendo a cabeça contra essa parede." "Eu não podia aceitar a ideia acadêmica de que a musica era apenas para comunicação, porque eu percebi que quando eu conscientemente escrevia algo triste, as pessoas e os criticos estavam propensos a rir. Eu determinei que desistiria de composições até que eu encontrasse uma razão melhor que comunicação. Encontrei essa resposta de Gira Sarabhai, um cantor indiano e tocador de tabla. ‘O propósito da musica é acalmar e aquietar a mente, assim sendo, está suscetível a influências divinas’. ”
Em 1942 faz “Credo in US” com partes para toca – disco ou rádio. A partitura sugere Beethoven ou Sibelius. O toca – disco gravado parte de Beethoven equivale ao mictório “La Foutaine” de Marcel Duchamp segundo Cage.
Em 1949, Cage conhece técnicos pioneiros em música eletrônica na Europa. Após voltar do EUA e ter acesso à tecnologia da fita magnética, cria a “Willians Mix”, com mistura de sons da cidade, do campo, produzidos manualmente e sons pequenos e sons do vento, todos esses sob interferências do I Ching. O público dele era formado por artistas, boêmios, excêntrico e inconformistas de todas as tendências.
Música relacionada com a ideia aleatória encontrada nos trabalhos de John Cage foi em partes inspirado em seu amigo Morton Feldman que fazia seus experimentos musicais por volta de 1950. Cage usou o I Ching na composição de sua música para introduzir um elemento de acaso sobre o qual ele não poderia ter controle algum. A primeira vez que ele usou este método foi em Music of Changes para piano solo em 1951, para determinar a sequência de notas ou grupos de notas que deveriam ser usadas e o momento preciso de suas ocorrências.
Com três concertos em 52, laçou sua revolução:
Water Music – tinha piano preparado, cartas de baralho, apitos para patos, rádio sintonizando diversas estações, jarras de água sendo despejadas.
Black Mountain Piece – primeiro verdadeiro “happening”, a fronteira entre artista e plateia desaparece.
4´33´´ - 29 de agosto em Woodstock, inspiração veio de telas totalmente brancas de Rauschenberg. Anteriormente intitulada “Silent Prayer”.
“A música está ficando para trás”
Merce Cunnigham e Cage criam um novo tipo de dança inspirada no acaso, na qual o som e o movimento só seguem caminhos separados para se reencontrar num nível conceitual. (Inspiração Zen Budista). Trabalha muito com “notação gráfica”, a qual consistia em “sugerir” ao invés de determinar o que o artista tocaria.
Criação do Piano Preparado e instrumentos de percussão originais:
Inserção de pinos, parafusos, moedas, madeiras, feltro e outros objetos entre as cordas, utilizando-se de um “método violento”, enquanto os sons do piano eram naturalmente suaves. Fabricou diversos instrumentos de percussão, tambores de freio, rodas, molas e peças de automóveis.
“Acredito que o uso de ruído para fazer música vai continuar e aumentar até chegarmos a uma música produzida com a ajuda de instrumentos elétricos que tornarão disponíveis com a ajuda de instrumentos elétricos que tornarão disponíveis para propósitos musicais todo e qualquer som que possa ser ouvido.” John CAGE -1937
Em 1963 apresenta Variations, na qual convoca 12 pianistas para tocar das 06 da manha de 09 de setembro até madrugada seguinte. Reembolso de U$ 0,05 (cinco centavos) a cada 20 minutos que o público passasse na plateia. O reembolso se assistisse o espetáculo inteiro era de U$ 0,20 (vinte centavos).
John Cage foi uma referência na música, defendendo uma performance colaborativa por parte da audiência e defendendo o indeterminismo quanto à composição e quanto à interpretação. Explorou o silêncio, elevou o ruído ao estatuto de música integrando sons considerados como tal. Foi um dos precursores do happening. Escreveu música em que alguns elementos eram deixados ao acaso sendo assim um representante da música aleatória.
O happening (do inglês, acontecimento) é uma forma de expressão das artes visuais que, de certa maneira, apresenta características das artes cênicas. Neste tipo de obra, quase sempre planejada, incorpora-se algum elemento de espontaniedade ou improvisação, que nunca se repete da mesma maneira a cada nova apresentação. Apesar de ser definida por alguns historiadores como um sinônimo de performance, o happening é diferente porque, além do aspecto de imprevisibilidade, geralmente envolve a participação direta ou indireta do público espectador. Para o compositor John Cage, os happenings eram "eventos teatrais espontâneos e sem trama".
O termo happening, como categoria artística, foi utilizado pela primeira vez pelo artista Allan Kaprow, em 1959. Como evento artístico, acontecia em ambientes diversos, geralmente fora de museus e galerias, nunca preparados previamente para esse fim.
Na pop art, artistas como Kaprow e Jim Dine, programavam happennings com o intuito de "tirar a arte das telas e trazê-la para a vida". Robert Rauschenberg, em Spring Training (do inglês, Treino de Primavera), alugou trinta tartarugas para soltá-las sobre um palco escuro, com lanternas presas nos cascos. Enquanto as tartarugas emitiam luzes em direções aleatórias, o artista perambulava entre elas vestindo calças de jóquei. No final, sobre pernas-de-pau, Rauschenberg jogou água em um balde de gelo seco preso a sua cintura, levantando nuvens de vapor ao seu redor. Ao terminar o happening, o artista afirmou: "As tartarugas foram verdadeiras artistas, não é?"
“Acho que vivemos numa época em que não existe tendência dominante, mas sim muitas tendências, ou até mesmo, se imaginarmos um rio no tempo, que chegamos ao delta, talvez voltado ao céu”.
John CAGE - 1992
“Sou dos que amam apagar a distinção entre a arte e a vida”.
“Eu não consigo entender porque as pessoas estão com medo de novas ideias. Estou com medo das antigas.”
Grupo: BRUNNO ROSSETTI OGIBOWSKI, HENRIQUE ALVES AARÃO, LUCAS.
Assinar:
Postagens (Atom)