quarta-feira, 9 de maio de 2012

Krautrock


Krautrock – The Rebirth of Germany.
  “It was a Powerful Pre-punk attitude achieved by the Pioneering few - the Ur-punk, those are the very beginning. Krautrock is what Punk would have been if JohnnyRotten alone had been in charge – a kind of Pagan and Freaout. LSD Explore-the-god-in-you-by-working-the-animal-in-you Gnostic Odyssey.” (COPE, Julian – Krautrocksampler, 1996).

O que é Krautrock ?
No final da década de 1960 estavam ocorrendo diversos movimentos revolucionários em várias partes do mundo, principalmente no campo das artes e foi nesse contexto que surgia na Alemanha os primeiros indícios de uma nova música.
Apoiadas no ensejo da contracultura, que fervilhava através das manifestações artísticas existentes; herdando o inconformismo estético de compositores como Karlheinz Stockhausen, bandas de diversas partes da Alemanha entraram em cena, misturando e principalmente experimentando elementos do rock progressivo e do psicodelismo, surgindo o Krautrock ou a Kosmische Musik, como se autodenominavam.
O objetivo era “alcançar as estrelas, atingir o cosmos”.
São várias as definições de onde esse nome pode ter surgido, mas um fato é consenso: surgiu de um contexto pejorativo!
Acreditamos ser essa a melhor descrição para o surgimento do nome:
“(Kosmische Musik, Kraut, ou ainda Krautwave) é um nome genérico atribuído às bandas experimentais na Alemanha do fim da década de 1960 e começo da década de 1970. Era originalmente um termo utilizado de forma pejorativa pela imprensa musical inglesa, e acredita-se que tenha sido criado por ela a partir da expressão popular Kraut, que significa uma pessoa alemã e por sua vez derivada do prato tradicional alemão chucrute, sauerkraut (literalmente "repolho azedo"). No entanto, muito por causa do sucesso dessas bandas, o termo ganhou mais tarde um significado positivo sendo atualmente visto como um título de reconhecimento ao invés de insulto.” (Wikipédia)
Apesar desse início turbulento, os músicos mantiveram durante todo o movimento atitudes e o idealismo comunista e do coletivo. Apesar de viveram numa Alemanha capitalista, apoiavam os ideais de esquerda.

Características do som:
O Krautrock é uma síntese de influências passando pelo Folk, psicodelia, minimalismo, atonalismo, free jazz, música concreta e eletroacústica e música clássica.
A idéia era ir além de qualquer conceito musical existente e principalmente descartar as influências deixadas pelo Rock e Pop americano/inglês do Pós-Guerra. Queriam construir uma nova identidade que os desvinculasse da imagem deixada pelo Nazismo.
Para isso utilizavam-se de muitas interferências eletrônicas, (principalmente os sintetizadores) e manipulação do som, nos remetendo ao estilo da Música Concreta e da Eletronische Musik, abusavam das dissonâncias, ruídos, colagens sonoras, improvisação e de recursos repetitivos, tendo como principal inspiração Karlheinz Stockhausen.
Bandas como Pink Floyd (em sua fase inicial), La Monte Young, Velvet Underground, Yes, Genesis, Gentle Giant, Beatles, Stooges, Stones, Frank Zappa e os movimentos artísticos pop-art, op-art e o psicodelismo, foram as principais influências dessas novas bandas que se formaram.
O objetivo era criar algo novo com muitos sons diferentes e que, por muitas vezes, não eram passíveis de serem recriados. Não queriam fazer uma música marcada no metrônomo, não buscavam o “click”, preocupavam-se mais com o timbre do que com a melodia.
O Krautrock foi considerado o pré-punk alemão.
História (1968-1977):
Neste período diversas manifestações e movimentos sócio-político-culturais estouravam pelo mundo. A Alemanha passava por série de transformações no Pós-Guerra, os Estados Unidos enfrentavam uma crise política com diversos protestos acontecendo pelo país (Hippies, Panteras Negras, contra a Guerra do Vietnã...) e a Inglaterra tentando combater a crise econômica, assim como os atentados terroristas do IRA, as altas taxas de desemprego, greves e etc.
Somando-se a isso, a busca da criação de uma identidade própria e a negação das influências musicais (Rock e Pop) das culturas inglesas e americanas, (legado deixado com a evacuação das tropas Aliadas após a Guerra); todo esse contexto histórico foram fatores cruciais como fonte de inspiração e para o surgimento do Krautrock, o qual também era uma forma de expressão política e cultural dos músicos envolvidos.
Apesar de terem como influência um grande compositor como Stockhausen, o experimentalismo já não era mais o suficiente para esses músicos. A juventude alemã estava em busca de algo diferente, algo que fosse genuinamente alemão, que os representasse e na maioria dos casos, que não tivesse qualquer influência dos movimentos musicais já existentes e principalmente, das músicas americanas e inglesas.
Por conta do Nazismo, ainda haviam muitas ressalvas com a cultura alemã e tudo que à remetia, incluindo a música. Para mudar esse cenário, foi necessária a reconstrução de uma nova identidade.
Berlim no pós-Guerra ainda era uma cidade dividida, havia dois lados um “calmo” e o outro “tenso” e no meio desse “caos”, em Maio de 68, houve uma grande mudança (greve Geral na França iniciada pelos estudantes, atingindo todas as classes sociais), a qual repercutiu e ajudou na prosperidade da economia germânica e inspirou esses jovens músicos a criarem esse novo movimento, a Kosmische Musik ou o Krautrock.
Na complexa batalha pela construção de uma identidade radicalmente liberta do passado vergonhoso da nação alemã, uma nova geração de bandas cruzou “visões políticas radicais alimentadas pelo fervor estudantil do Maio de 68 com a música libertária enunciada pelos negros americanos no free-jazz, com as experiências de imersão no ruído efetuadas por grupos como os Velvet Underground, com a expansão psicodélica das consciências e, claro, com as possibilidades eletrônicas exploradas primeiro por compositores eruditos como Stockhausen e rapidamente adotadas pelas bandas de rock com os olhos colocados no Cosmos.” (http://blitz.sapo.pt/blitz-44-krautrock-made-in-germany=f59759).

Principais Bandas:

- Amom Dull (Munique): Som não era americano, nem alemão. Se denominavam “música do espaço” , utilizavam a voz como instrumento. Crítica odiou pois achavam que o som da banda não era música. Causaram uma grande revolução na música da época, uma vez que eram contra os estereótipos de felicidade que estavam na Tv, por isso eram chamados de terroristas.
 No início eram compostos por cerca de 12 integrantes, mais convidados que sempre participavam de seus shows. Decidiram se separar em dois grupos por divergências sobre o rumo que o som deveria tomar. Uma parte do grupo queria ser mais experimental, inserindo mais sons eletrônicos e a outra parte queria seguir mais a influência hippie, utilizando-se mais da percussão.



- Tangerine Dream : Influenciados por Stockhausen, faziam sons diferentes. Em 1974 ,são convidados para tocar na  Coventry Catedral em Londres. Não se achavam bons pra tocar na catedral, por isso se acham que o show foi desastre.Preferiam tocar em locais pequenos e festivais simples.


- Can : Mistura de piano, jazz e minimalismo. Faziam letras de crítica a sociedade,mas eram tratados como loucos pela sociedade da época.  - Frases dos músicos “ Nós tocamos a vida em Munique” e do singular vocalista  “Eu não tenho muitas memórias porque estava chapado a maior parte do tempo” 



Neu!  Se denominavam “Beatles Eletrônico”. Comparavam suas músicas com um rio, onde sempre faz o mesmo curso,porém com sons diferentes. “Era um barulho bonito, com sons diferentes, psicodélico.” (Iggy Pop sobre o Neu!) 





Faust – Som experimental, na didade de Wumme , tiravam som de tudo o que era das fábricas, lembrando um pouco as vanguardas do Futurismo. Faziam esse tipo de som, pois o Rock n Roll não era suficiente para expressar os problemas da época. 





Kraftwerk Não eram como o “Kraut” tradicional.Tinham a influência de tudo o que está ao redor.   Gravaram vários álbuns no Elektro Müller (primeiro estúdio onde o Kraftwerk gravou e onde a banda surgiu) inclusive o Autobahn, que tinha como influência o que acontecia nas estradas alemãs (carros correndo acima da velocidade, acidentes, motos...) e o álbum Radioactivity. Se auto denominavam os trabalhadores da música. Hoje em dia possuem um estúdio próprio, o Kling Klang, que fica num local secreto. Neste estúdio eles fazem as gravações e experimentações, a ideia é cortar todas as influências externas para não influenciar o trabalho deles. "Não há separação entre o ser humano e a tecnologia, os dois se pertencem como uma unidade”.






 Estilos por região:
Cada região desenvolveu sua cena musical particular, interpretando a estrutura musical do Krautrock de maneira diferente.
Por exemplo, a escola de Berlim incidiu sobre o “astral”, sintetizadores, experimentações estranhas, eletrônicas e ácidas (exemplo de bandas berlinenses: Ash Ra Tempel, Agitation Free, Mythos, The Cosmic Jokers, Kluster).
Em Munique a cena tinha influência oriental, do rock psicodélico e do Folk rock (Popol Vuh, Amon Düül, Gila, Guru Guru, Witthuser & Westrupp).
As cenas underground de Cologne e Dusseldorf focou no que estava acontecendo como o Rock Político, a eletrônica, ritmos pulsantes (Floh De Cologne, La Dusseldorf, Neu!, Can).

Festivais: 
- O Internacional Essen Songtage 1968
Também abreviado como IEST, foi um festival de rock, pop, canção popular, música underground, cabaret e poesia, de 25 a 29 Setembro de 1968, aconteceu em Essen. O IEST  abriu espaço pela primeira vez para bandas da Alemanha tocarem diante de um grande público, com cerca de 40 mil espectadores. É considerado o nascimento do rock independente alemão. Foi em seu tempo o maior festival europeu de música popular. Em cinco dias, os espectadores assistiram shows com mais de 200 artistas. Houve concertos, eventos multimídia e discussões.
Guru-Guru, Tangerine Dream e  Xhol Caravan subiram ao palco, ao lado de atrações internacionais como Frank Zappa e seu grupo The Mothers of Invention, The Fugs, Family ,Julie Driscoll entre muitas outras.
Uma das bandas que tocou no festival era a político/musical comunista chamada Amon Düül, que algumas horas antes do show se dividiram em duas,sendo então Amon Düül I e Amon Düül II.

- Woodstock Alemão
A cidade de Essen, na Alemanha, sedia o Burg Herzberg Festival, famoso evento musical hippie realizado desde 1968. Apesar de a maioria do público ser formada por jovens, é muito comum encontrar hippies da velha guarda. O clima é de Woodstock: shows ao ar livre, barracas de camping e uma programação extensa.
Este festival é ativo desde 1968 e é baseado nos preceitos do movimento hippie, mas hoje em dia, focados em mundo ecologicamente muito melhor, tendo como principal objetivo a “Paz & Amor” tão sonhada desde os primórdios do movimento, na década de setenta.Na sua edição de 1970,teve a presença de Amom Düül,Can ,Faust, Guru Guru,entre outras bandas do movimento Kraut.

Curiosidades : 

 - Em 1978, David Bowie chega a Almenha para gravar com Brian Eno (Produtor musical, músico e compositor, foi um dos maiores responsáveis pelo desenvolvimento da ambient music. Famoso pelo uso de sintetizadores em suas produções.) que produziu os três álbuns da chamada "Trilogia de Berlim" (ou "Trilogia eletrônica") de David Bowie: Low, Heroes e Lodger , álbuns de Kraut. O álbun Heroes, é inteiramente gravado com artistas do Krautrock.
- Krautopia, resgate do Kraut nos dias de hoje,pelos jovens alemães. É um projeto muito criticado pelos músicos que viveram o movimento, pois não remetem ao antigo Kraut.A principal reclamação dos músicos, é que os jovens de hoje em dia,não tem do que reclamar,protestar ou dizer sobre a atual Alemanha. No nascimento do movimento Kraut, a Alemanha estava em ruínas com a Segunda Guerra Mundial, e a vergonha do país era o nazismo e Hitler,assunto que ninguém tinha coragem de dizer,conversar ou debater.
- "Estilisticamente, é impossível definir o krautock, tamanha sua variedade de sons e estilos. Num disco do Neu! ou do Can, por exemplo, é possível identificar ecos do pré-punk de Stooges, experimentos com eletrônica, mantras repetidos à exaustão, e pirações que lembravam as viagens de um Captain Beefheart. Era o rock mais livre do mundo. O impacto do krautrock foi imenso. Howard Devoto, fãzaço do Neu!, saiu do Buzzcocks decepcionado com o punk e fundou o Magazine. John Lydon largou o Sex Pistols e criou o Public Image Ltd., basicamente a sua versão para a música do Can, por quem era fanático.A lista é imensa: de Fugazi a Sonic Youth, de Horrors a My Bloody Valentine, de Mission of Burma a Simple Minds (acredite!), todo mundo bebeu no krautrock.Quer exemplos mais concretos? Então ouça “Mushroom”, do Can, e compare com “Last Living Souls”, do Gorillaz; ou o primeiro disco do Neu! seguido por “Embryonic”, do Flaming Lips. Ouça qualquer disco do Radiohead pós-“Kid A”. É krautrock puro."  - André Barcinsky ( Jornalista da Folha)
Livros sobre Krautrock:


Das Buch der Neuen Pop Musik (O Livro da Nova Música Pop) – Rolf Ulrich Kaiser, Econ Verlag, 1969;

                                                                                                          
Summer of Love – Psychedelische Kunst der 60er Jahre (Verão do Amor – Arte Psicodélica dos Anos 60), Katje Cantz;


 Krautrocksampler - Julian Cope, Head Heritage, 1995;
Cope era obcecado por grupos como Can, Faust, Neu!, Kraftwerk, Ash Ra Tempel, Amon Duul, Tangerine Dream, Popol Vuh e tantos outros, e resolveu contar a história desse importante movimento musical. Naquela época, havia pouquíssima literatura sobre o tema. Os músicos que viriam a formar esses grupos cresceram nos escombros da Segunda Guerra, lidando com a sombra de seu passado nazista e a necessidade de criação de uma “nova” Alemanha. Muitos partiram em viagens radicais. Estudaram música dodecafônica, piraram com os experimentos sônicos de Stockhausen e Sun Ra, e renegaram o comercialismo do pop. Ao mesmo tempo, eram fanáticos por Velvet Undergound, Stooges e Frank Zappa, e sonhavam em fazer rock diferente do que ouviam nas paradas inglesas e americanas. No livro, Cope cita outra influência marcante para essa geração: o The Monks, uma banda de garagem formada por militares americanos em serviço na Alemanha nos anos 60.



Krautrock: Cosmic Rock and its Legacy -  Nikolaos Kotsopoulos, Black Dog Publishing, 2009;


Cosmic Rock and its legacy, superiormente editado por Nikolaos Kotsopoulos, versa sobre o fenómeno que marcou o final dos anos 60 e os anos 70 da música alemã e que pariu bandas tão essenciais como os Can, os Faust ou Amon Düül I.Para além de perfis dos principais nomes que materializaram o krautrock, Krautrock Cosmic Rock and its Legacy explora o contexto histórico e social que deu origem a um dos períodos musicais mais férteis da história e ainda se debruça nas editoras e produtores que marcaram o gênero.

Krautrock no Brasil:
  O rock cósmico produzido pelas bandas kraut arrebanhou muitos fãs também no Brasil. Dentre os grupos alemães preferidos dos jovens brasileiros já figuravam o Kraftwerk – mito máximo gerado no Krautrock e o Triumvirat.

 O Triumvirat chegou a emplacar vendagem representativa de seu terceiro LP, o Spartacus, de 1975, que trazia uma capa que fez história na cena pop, com um ratinho branco, que era a "marca" do grupo, dentro de uma lâmpada.
Os brasileiros amantes do rock progressivo e do Krautrock alemão tinham seu próprio nicho na mídia durante a década de 1970. A rádio carioca Eldo Pop (Eldorado) apresentava regularmente em seu repertório faixas do Triumvirat, do Tangerine Dream e, claro, do Kraftwerk.
 Na maior emissora do país, havia o programa vespertino Sábado Som, produzido por um mestre do jornalismo musical, Nélson Motta.
Nos maiores periódicos brasileiros, jornalistas como Ana Maria Bahiana, Tárik de Souza e Ezequiel Neves informavam com conhecimento de causa e sem preconceitos sobre o mundo do rock que explodia mundo afora.

Karlheinz Stockhausen:
Nascido em 1928, Stockhausen teve uma formação não tradicional. Estudou com Olivier Messiaen (místico francês) e cresceu com um novo grande fluxo de compositores experimentais, como Pierre Boulez, Karel Goeyvaerts and John Cage.
Em 1958 já fazia algumas proposições fora dos padrões musicais da época,como posicionar os músicos e a plateia em formações estranhas. Às vezes o público cercava os músicos, às vezes os bancos de alto-falantes “jogavam” a música longe dos ouvintes, mas sempre com a proposta de algo novo, de uma nova experiência.
 Stockhausen e sua música foram controversos e influentes. As obras Studier I e II(especialmente a segunda) tiveram uma grande influência no desenvolvimento da música eletrônica nas décadas de 1950 e 1960, particularmente nos trabalhos de Franco Evangelisti, Andrzej Dobrowolski e Włodzimierz Kotoński (Skowron 1981, 39).
 A influência de Kontra-Punkte, Zeitmasse e Gruppen pode ser observada no trabalho de diversos compositores, incluindo obras de Igor Stravinsky como Threni (1957-1958) e Movements para piano e orquestra (1958-1959). Músicos de jazz como Miles Davis (Bergstein 1992), Cecil Taylor, Charles Mingus, Herbie Hancock, Yusef Lateef (Feather 1964) e Anthony Braxton (Radano 1993, 110) citaram Stockhausen como uma influência, assim como artistas do rock como Frank Zappa, que reconhecem o compositor em seu álbum de estréia com o Mothers of Invention, Freak Out! (1966).
   Os Beatles incluíram uma imagem do compositor na capa de seu álbum Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, de 1967. O maestro brasileiro Rogério Duprat foi seu aluno e pioneiro da música eletrônica no Brasil. Richard Wright e Roger Waters do Pink Floydtambém consideram Stockhausen como uma influência (Macon 1997, 141).    
  Os fundadores da banda Kraftwerk estudaram com Stockhausen (Flur 2003, 228). Mesmo artistas mais atuais como a cantora Björk, Thom Yorke e Trent Reznor também citam o compositor. Mesmo com a sua música diferente ele conseguiu alcançar fama internacional,inspirando muitos artistas alemães orientais.


Integrantes:
Ariadne Andreuccetti, Daniella Yuhara e Eliza Groshevicz



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