A
cena Disco começou antes mesmo de uma música característica ser
estabelecida, e foi resultado de um soma de fatores vindos de vários
lados e origens.
No
final da década de 60, início da década de 70 o movimento do
orgulho gay tomou força principalmente na cidade de Nova Iorque,
onde existia uma lei que proibia pessoas do mesmo sexo até de dançar
juntas. Conseguindo derrubar essa lei começaram a ser organizadas
festas privadas voltadas para esse público, que não tinha lugares
de encontro pela cidade.
Logo
essas festas se tornaram disputadas, principalmente a do pioneiro
David
Mancuso, que ficou conhecida como a “The Loft”. Nessas festas as
músicas que embalavam as noites eram rock, soul e algumas musicas
latinas que eram intercaladas. Quem escolhia a sequencia e
colocava-as para tocar era a figura do dj, que vinha da cultura do
soundsystem jamaicano, introduzido na América do norte pelos
imigrantes que escaparam da grande crise econômica da Jamaica.
Grupo Abba |
Aos
poucos as técnicas dos djs foram evoluindo: uma segunda pick-up foi
incluída, assim não haveria um intervalo entre uma música e outra;
e discos de 12 polegadas começaram a ser utilizados, assim com
apenas uma musica em casa lado do disco, era mais fácil de localizar
o inicio de cada faixa.
Com
essa configuração, a figura do dj foi ganhando cada vez mais
importância, mixagens começaram a ser feitas, e com isso a mistura
desses estilos musicais distintos que eram tocados nessas festas foi
se tornando mais intenso, dando origem a musica característica da
era disco.
Grandes
nomes então foram surgindo nesse novo estilo como: Donna Summer,
Earth Wind and Fire, ABBA, entro outros. As grandes gravadoras
começaram a se interessar pela nova linguagem promissora, como a
Motown que transformou a recém-saída das Supremes, Diana Ross, em
uma das divas da era disco.
Cenas do Filme "Embalos de Sábado a noite" |
Diana Ross na época das Supremes e na época disco |
Em
1977 o movimento teve o seu “boom” com a estreia do filme
“Embalos de sábado a noite”. John Travolta e os Beeges deram o
empurrão que faltava para a Disco ter um sucesso estrondoso ao redor
de todo o planeta. Nessa altura, as festas já tinham tomado conta
das ruas, enormes espaços eram criados exclusivamente para festas:
eram as primeiras discotecas! Dentre as mais Importantes estava o
Studio 54, criado por Steve
Rubell,
um ambiente idealizado para criar as melhores e intermináveis festas
já vistas, um local para tornar os sonhos realidade, onde astros e
pessoas comuns transitavam e conviviam livremente (passando é claro
pela “peneira” da porta).
Woody Allen e Michael Jackson no sofá do Stúdio54 |
Nesse
estágio a experimentação sexual, experiencias sensitivas
impulsionadas pelo uso do LSD estavam no auge, a festa criada pelas
minorias agora tomava conta de todos, e a ordem era extravasar a
alegria, dançar e se experimentar para se divertir.
No
Brasil a cena chegou com força em 1978, também impulsionada por uma
produção visual: a novela “Dancing Days” da rede Globo.
Gravadoras
cada vez mais entravam na onda e iam em busca de novos nomes para
esse movimento, e com o tempo cada vez mais artistas fabricados e de
qualidade rasa eram lançados no mercado apenas pelo interesse de
lucro das gravadoras.
Como
toda linguagem explorada excessivamente, a Disco começou a se
desgastar. Esses novos artistas “fabricados” não convenciam o
publico, que acabava não comprando os álbuns; as gravadoras
começaram a se afogar no próprio lixo produzido e entrar em
dificuldade financeira.
Steve Dahl |
Paralelamente
com o colapso das gravadoras um movimento anti-disco foi tomando
forma e ganhando força. Liderados por Steve Dahl roqueiros
impulsionados por frases como “disco sucks” tinham como objetivo
acabar com essa que não era uma “música de verdade”. -
Engraçado perceber como uma geração que renega uma linguagem e
cria uma nova, que não é aceita pela conservadora geração
anterior, posteriormente será esta geração anterior e tomará uma
postura conservadora quanto a uma nova linguagem (no caso o rock
renegando a disco).
Foto tirada durante a Disco Demolition Night |
Para
acabar de vez com a “pouca vergonha” da disco, Dahl organizou a
“Disco Demolition Night”. No dia 12 de julho de 1979 as pessoas
levariam os discos de música disco para serem detonados no intervalo
do jogo entre Chicago White Sox e Detroit Tigers; eram esperados 12
participantes, aparaceram 90.000! Os discos foram destridos durante o
intervalo do jogo que não pode ser concluído pois a multidão
invadiu o campo, causando uma grande confusão e enorme euforia.-
Importante dizer que a motivação do protesto se confundia com o
preconceito racial e homofobia, dentre os discos destruídos estavam
também alguns de musica soul e de artistas negros em geral.
No
início da década de 80 a febre da disco music já havia passado, a
linguagem desgastada havia chegado em seu ápice, passado por um
declinio e já era considerada passado. Aqui no Brasil continuou com
força até meados dos anos 80.
grupo: Thomas Levisky, Leandro Nilo, Carlos Eduardo Aranha e Frederico Silva
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